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Os mitos da felicidade

  • 12 de janeiro de 2022
  • Equipe Riva
  • 16 minutos de leitura
Os mitos da felicidade Riva Incorporadora

Sabe aquela brincadeira que compara a expectativa com a realidade? Pois bem, precisamos tirar a felicidade da expectativa. Todo mundo quer ser feliz, pelo menos eu imagino que isso seja uma verdade.

Acontece que buscamos a felicidade como se ela estivesse em algum lugar muito longe de onde estamos. Nós a idealizamos. Ou seja, criamos um mito. Colocamos a felicidade em um lugar inalcançável, distante, quase impossível.

Somos muito bons em criar armadilhas para nossa vida quando acreditamos que seremos felizes para sempre depois que casarmos, que tivermos filhos ou quando conseguirmos aquele emprego incrível e tão sonhado. É ótimo realizar tudo isso, sem dúvida.

Mas quando depositamos muita expectativa nesses acontecimentos, a frustração pode roubar a chance de ser feliz até mesmo quando tudo parecer ser perfeito.

A psicóloga russa radicada nos Estados Unidos, Sonja Lyubomirsky, professora da Universidade da Califórnia, afirma que a felicidade é um sentimento mais complexo e exige empenho para se manter.

Para ela, acreditar em certas verdades, amplamente difundidas, atrapalha nosso caminho em direção à satisfação plena. São os famosos mitos da felicidade. Para desarmar esses mitos, precisamos, primeiro, identificá-los.

Mito nº 1: Beleza traz felicidade

Os padrões de beleza estão por toda parte. Nos comerciais de TV, no cinema, nas redes sociais. Crescemos ouvindo que isso é bonito e aquilo é feio.

Para as mulheres, os estereótipos sobre o que significa ser bonita se tornaram um grande motivo de infelicidade. Muitas delas acreditam que só serão felizes quando emagrecerem, quando o cabelo for igual ao da modelo da propaganda, quando a pele estiver perfeita, quando couberem naquele vestido de tamanho impossível.

Somada a isso, a ideia de envelhecer apavora e atormenta as mulheres. Juventude mais beleza é igual à felicidade. É essa equação que precisamos rever.

A beleza é um conceito estético que não está, por princípio, atrelada ao envelhecimento. O apego à juventude é, entre outras coisas, um modo de negar o envelhecimento, e, por sua vez, a morte.

Na realidade, é a ideia da morte que não suportamos, e na tentativa de lidar com esse pavor nós o negamos tentando manter a juventude que se perde ao longo do tempo.

De acordo com o British Household Panel Survey, para a maioria das pessoas o período mais infeliz da vida é por volta dos 40 anos.

É famosa a imagem da “crise da meia idade”, na qual a concepção de envelhecimento costuma se vincular à ideia de desgaste, com a negação do envelhecimento ocorrendo como um comportamento defensivo da necessidade de manutenção dos traços de juventude.

Com o passar do tempo, principalmente após os 50, a felicidade tende a aumentar. As pesquisadoras Carol Graham e Milena Nikolova, da Brookings Institution, nos Estados Unidos, propõem que a vida passa por uma curva de felicidade em formato de “U” e que, da quinta década em diante, podemos ser mais felizes. Mas nem eu nem você precisamos esperar nem mais um minuto para sermos felizes, não é mesmo?

Mito nº 2: Se eu tiver dinheiro, serei mais feliz

Dinheiro pode trazer muitas coisas boas para nossa vida. Conforto, experiências, uma sensação de tranquilidade. Ter dinheiro na conta nos permite acesso a certos luxos. Mas, de maneira nenhuma, o dinheiro é garantia de felicidade.

Quero compartilhar com você um estudo, que deu origem ao termo: Paradoxo de Easterlin. Richard Easterlin, economista da Universidade do Sul da Califórnia, em meados dos anos 1970, fez a seguinte pergunta:

Se a renda de todos for aumentada, isso também aumentará a felicidade de todos?”

E a conclusão foi:

Rendimentos elevados levam, sim, a um aumento de felicidade. Mas ele é inicial e apenas momentâneo, tendendo a se diluir ao longo do tempo. Acima da linha de pobreza, a capacidade de o dinheiro gerar mais felicidade é mínima.

Daniel Gilbert, professor de Psicologia Social em Harvard e autor de Tropeçando na Felicidade, afirma que não existe muita diferença no grau de felicidade de uma pessoa que ganha 50 mil dólares por ano e quem ganha 500 milhões de dólares.

O raciocínio inicial não é muito complexo: quando você é muito pobre, o dinheiro tem uma enorme influência no seu bem-estar geral. Uma pessoa muito pobre que recebe comida, abrigo, tem um aumento gigantesco na sua percepção de felicidade.

Mas quando as necessidades básicas são atendidas, como saúde, moradia, alimentação, segurança, educação, mais dinheiro tem menos impacto sobre a felicidade. Isso acontece porque temos um sistema chamado de “adaptação hedônica”, ou seja, uma tendência de regresso a níveis relativamente estáveis de “felicidade” mesmo que outros eventos importantes, positivos ou negativos, estejam também acontecendo.

Lembra quando você queria comprar uma bicicleta e como aquilo te faria feliz? Daí você quis comprar seu primeiro carro, uau, que felicidade, e que durou pouco, pois logo depois você já queria um carro melhor. Você já se sentiu assim? Fique tranquilo, todos nós nos sentimos assim às vezes.

Para o bem e para o mal, nós nos acostumamos rapidamente às situações. Os ganhadores de loterias, por exemplo, têm um aumento em seu bem-estar subjetivo, mas logo em seguida retornam ao mesmo nível de felicidade anterior.

Na realidade existem vários estudos que mostram que ganhadores de loteria se tornam mais infelizes. Um dos motivos é que logo eles perdem os amigos e começam a ter problemas com os familiares.

O que acontece é que a qualidade das relações, que é um dos maiores motivos para a felicidade, cai drasticamente. Ou seja, de que adianta ser rico mas não ter amigos verdadeiros para desfrutar dessa riqueza?

Ao mesmo tempo que o dinheiro pode aumentar nossa felicidade ao nos dar acesso a coisas incríveis, saber que temos acesso a essas coisas acaba por diminuir a nossa felicidade, pois reduz a nossa tendência de apreciar as pequenas coisas da vida, que definitivamente é um dos segredos da felicidade.

O dinheiro traz todo o tipo de coisas maravilhosas, o problema é que junto com ele, vem o custo. Preferimos ganhar cada vez mais dinheiro em detrimento do que realmente nos faz mais felizes, como a relação com a família, os relacionamentos ou o propósito de vida em troca de dinheiro. Ou seja, um dos segredos da felicidade não é o quanto você ganha, mas a forma como você gasta seu dinheiro.

De acordo com Elizabeth Dunn e Michael Morton, autores do livro Dinheiro Feliz, existem algumas formas de usar o seu dinheiro que podem contribuir com a sua percepção de felicidade:

1. Ao invés de comprar um monte de coisas, compre experiências. O que é isso? Muita gente sonha em ter o carro do ano ou um guarda-roupa cheio de roupas e sapatos, mas pesquisas recentes sugerem que bens materiais trazem menos felicidade do que experiências, como viagens, shows e jantares.

2. Limite o acesso a coisas de que gosta. Nós temos a tendência de querer o que é escasso, o que não dura para sempre, a novidade. Então, por exemplo. Você gosta de vinho. Ao invés de tomar vinho todos os dias, torne o ato de tomar vinho uma ocasião especial.

E tente fazer isso de formas novas, com uma música, uma decoração diferente, flores. Curtir esse momento vai garantir extras de contentamento em sua percepção.

3. Compre tempo, ou seja, como essa compra vai mudar a forma como eu uso meu tempo? Uma máquina de lavar louças pode poupar um tempo considerável? O que posso incorporar na minha rotina para deixar meu tempo mais otimizado?

4. E por último, mas não menos importante, investir seu dinheiro em outras pessoas traz mais felicidade do que gastar com você mesmo. Em um estudo realizado com 820 pessoas no Canadá e em Uganda, os pesquisadores separaram os participantes em dois grupos.

No primeiro, as pessoas deveriam lembrar de situações em que elas gastaram o dinheiro consigo mesmas, e o outro grupo deveriam lembrar de situações que gastaram com outras pessoas. Adivinhe qual se sentiu mais feliz?

Muitos de nós pensam que gastar dinheiro consigo mesmo traz mais felicidade, mas não é isso que comprovou essa pesquisa e tantas outras.

Mais uma vez isso mostra o quanto pensamos de forma errada sobre o que nos fará mais felizes, e o pior, agimos de forma a buscar a felicidade em coisas que não nos farão felizes. No máximo uma alegria passageira.

Mito nº 3: Preciso encontrar a pessoa ideal para ser feliz

Quem é o responsável pela sua felicidade? Não é raro encontrar pessoas que têm o costume de achar que o outro tem a obrigação e a responsabilidade pela sua felicidade.

E esse é um dos mitos mais comuns que dificultam a nossa construção da felicidade. É difícil encarar o fato de que ninguém é responsável pela nossa felicidade. Ninguém, a não ser nós mesmos.

Esse tipo de atitude gera um peso e uma responsabilidade para o outro que não é saudável nem possível: entregar o seu poder ao outro.

Você pode fazer uma pessoa sorrir, se sentir bem, mas se a pessoa está feliz ou não está totalmente fora do seu controle. Como lidar com isso? Ora, um bom começo é ter a consciência de que esse mito existe e funciona em nós mesmos.

Por isso é importante ficarmos atentos às formas como pensamos e nos comportamos. A única forma de escapar ao olhar que os outros têm sobre nós talvez seja elaborando melhor o olhar que temos sobre nós mesmos, compreendendo nossos próprios pensamentos e comportamentos.

Mito nº 4: Felicidade é sinônimo de prazer

Para a grande maioria, felicidade é só prazer. É chamada de felicidade hedônica, em que a busca pelo prazer é tudo que importa.

Nos dias de hoje, tanto a pesquisa científica como a atividade econômica estão engajadas para atingir esse fim, e a cada ano se produzem analgésicos mais potentes, novos sabores de sorvetes, colchões mais confortáveis, celulares mais modernos.

O problema é que queremos sempre mais, nunca estamos satisfeitos. Compramos um carro e queremos um outro melhor. Compramos um sapato e já queremos outros três. Mais uma vez, o problema não é sentir prazer, isso é ótimo.

Mas, em primeiro lugar, ter a consciência que prazeres são passageiros. E em segundo lugar, que a felicidade duradoura, a que chamamos de felicidade eudaimônica, vai além da busca e satisfação dos prazeres e traz sentido e realização à vida.

Essa felicidade verdadeira requer, muitas vezes, investir em atividades que, embora não sejam prazerosas no momento, são fundamentais para a construção da felicidade no longo prazo.

Mito nº 5: A felicidade é um lugar onde um dia chegaremos

Quando eu comprar o carro serei feliz. Quando conquistar meu primeiro milhão serei feliz. Quando me casar serei feliz. Quando tirar férias serei feliz. Quando, quando, um dia, talvez. Você já se pegou falando ou pensando dessa forma?

Nem sempre nos damos conta de como a vida é frágil, existimos hoje, mas não temos certeza do que será de nós amanhã. E mesmo assim vamos deixando a felicidade sempre para o amanhã.

Mas que fique bem claro, isso nada tem a ver com fazer planos ou se programar para futuros compromissos ou mesmo sonhos.

O problema existe quando os planos roubam o tempo de vivermos o presente. Por isso que a verdadeira felicidade é conquistada por nossas escolhas e atividades diárias, não grandes e distantes acontecimentos. São micromomentos de felicidade, todos os dias. E isso podemos aprender e praticar.

Mito nº 6: Felicidade é igual a alegria

Felicidade e alegria não são a mesma coisa. A partir daí, nossa compreensão sobre felicidade muda completamente. Alegria é uma emoção, uma reação do nosso corpo estimulada por eventos ocasionais. E como qualquer emoção, a alegria é passageira.

Ao longo do nosso dia, sentimos alegria, tristeza, raiva, medo. Isso significa que ninguém consegue estar alegre o tempo todo. Assim como ninguém é triste o tempo todo.

E isso nos traz mais um esclarecimento: o contrário de tristeza é alegria e não felicidade. E reforça a importância do que quero te dizer agora: permitir sentir a tristeza é uma etapa muito importante na construção da nossa felicidade.

A tristeza é importante, pois ela sinaliza que existe algo errado e que devemos olhar e cuidar disso. E se a tristeza chegar, acolha. Fugir da tristeza é fugir de si mesmo. Como humanos, estamos expostos a todos os tipos de emoções. A grande diferença não é o sentimento em si, mas o que você faz com ele.

O problema é quando a tristeza vira sofrimento, quanto ela te paralisa, te prejudica e prejudica os outros que estão ao seu redor. A dica é: no momento em que se sentir triste, ao invés de tentar fugir, e fazemos isso de diversas formas: assistindo TV, comendo, bebendo e várias outras coisas ainda piores, olhe, aceite, acolha, tome as decisões que precisa tomar e siga. E dê espaço para a felicidade.

Já a Felicidade é diferente, não é um estado passageiro. A Felicidade pode sim ser um estado duradouro. É algo bem mais profundo, algo que vem de dentro, e não de fora como imaginamos, pois a verdadeira felicidade pouco depende das pessoas e das circunstâncias.

Podemos dizer que felicidade é um estado de SER. E nesse caso podemos afirmar que sim, é possível ser feliz APESAR de viver momentos tristes.

Diante de todos esses mitos, ficou um pouco mais fácil de entender que felicidade é algo interno, cultivado todos os dias por nós mesmos. Isso nos traz uma enorme responsabilidade e um enorme poder. O poder de parar de sermos vítimas do destino e escravos das circunstâncias para nos tornar senhores do próprio destino e da própria felicidade.

Autora: Flavia da Veiga, especialista em Felicidade

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