A importância da felicidade

Ao longo da nossa vida, buscamos a felicidade como se ela fosse um destino, um objetivo, um prêmio a ser alcançado. Como indivíduos, depositamos a felicidade em momentos da nossa vida.

Associamos a felicidade a uma conquista e determinamos para nós mesmos que, somente depois que tivermos isso ou aquilo, seremos felizes.

Portanto, damos muita importância à felicidade, a colocamos como o motivo principal do nosso viver. Quando amamos alguém, quando estimamos verdadeiramente outras pessoas, também desejamos que elas sejam felizes, nos sentimos bem quando vemos que a felicidade está presente entre elas.

Mas algum dia nos perguntamos, como sociedade, como nação, como grupo, por que a felicidade é importante em um contexto coletivo?

A felicidade e o que ela significa

Para responder a esta pergunta, precisamos antes alinhar o entendimento sobre o significado da palavra “felicidade”. Se olharmos através do tempo, veremos que a referência filosófica mais antiga que encontramos sobre o tema é um pequeno fragmento de um texto de Tales de Mileto, que viveu entre as últimas décadas do século VII a.C. Segundo ele, é feliz “quem tem corpo são e forte, boa sorte e alma bem formada”.

Desde então, vários pensadores criaram diferentes conceitos sobre o que é ser feliz. Mas, graças ao desenvolvimento da ciência, hoje podemos ter a felicidade sendo estudada em universidades, laboratórios de pesquisa e ganhando um novo conceito.

O principal entendimento é que a felicidade é um conjunto de ações que dependem do nosso protagonismo para acontecer. Em outras palavras, precisamos construir a felicidade que queremos. Em breve, falaremos mais sobre isso. 

Um mundo em crise

Mas por que, então, a felicidade importa para além de nós mesmos? Estamos vivendo um momento muito complexo da humanidade.

Toda a riqueza, o grande desenvolvimento tecnológico, o avanço da medicina, ou seja, toda a evolução da humanidade deveria aumentar a nossa qualidade de vida, bem-estar e felicidade. Mas não é isso que está acontecendo, pelo contrário.

Desde 2012, a ONU publica o World Happiness Report, que analisa a felicidade e o bem-estar em diversos países no mundo, e os resultados são preocupantes: a nossa percepção de felicidade vem caindo ano após ano. E isso traz sérios problemas sociais, econômicos e de saúde pública.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, temos atualmente no mundo mais de 350 milhões de pessoas com depressão. Isso é praticamente a população de um país como os Estados Unidos.

Com tantas pessoas em sofrimento, é quase certo que isso leve a outros problemas como o aumento do consumo de drogas e álcool, perda da capacidade produtiva, perda da saúde física e mental e o pior, ao suicídio. 

Pela construção de um bem coletivo

Por outro lado, a felicidade se torna um vetor de realização para as pessoas que aprendem como construir e praticar a própria felicidade. A partir desse entendimento, passam a ser mais bem-sucedidas em diferentes âmbitos.

Nos relacionamentos, as pessoas mais felizes são mais sociáveis, cooperativas, generosas e altruístas. Se relacionam melhor, têm casamentos mais duradouros e trocas mais saudáveis.

Profissionalmente, as pessoas mais felizes são mais criativas, têm maior produtividade, mais autocontrole, liderança e competência para lidar com situações adversas.

Acabam tendo melhor desempenho no trabalho, mais sucesso profissional e renda maior. Na saúde, pessoas felizes são mais saudáveis e vivem mais tempo – até nove anos mais. 

Isso nos faz pensar que, ao contrário do que aprendemos, não é o sucesso que traz felicidade. É a felicidade que traz o sucesso até nós. E de acordo com uma pesquisa de Harvard, a felicidade não só influencia as pessoas ao seu redor, mas a um, dois e até três níveis distantes de nós. Ou seja, a partir da nossa felicidade, podemos ajudar o mundo a ser mais feliz também.

Para além do nosso bem-estar, a felicidade pode elevar os níveis de inovação e criatividade da nossa espécie. Pode nos tornar mais saudáveis e permitir que nossa vida seja mais proveitosa. E não é justamente disso que todos nós precisamos?

Autora: Flavia da Veiga, especialista em Felicidade